quinta-feira, 13 de maio de 2021

A LENDA DO PANDEIRO


 Ouça a Lenda do pandeiro no podcast: A Lenda do Pandeiro

Era uma vez, em um reino muito distante. Vivia um jovem príncipe que estava doente.  O rei e a rainha estavam desesperados, já haviam convocado todos os médicos e curandeiros de todos os cantos do reino, mas nenhum deles foi capaz de curar o príncipe.

As esperanças já estavam acabando, quando uma bruxa, que estava viajando pelo mundo, pousou uma noite em umas das pequenas aldeias do reino e ficou sabendo da doença misteriosa do príncipe.

A bruxa se dispôs a ajudar e procurando entre todas as suas várias poções magicas, encontrou a que poderia curar o príncipe, mas ao conhecê-lo, a bruxa se apaixonou.  E perdida de amor, propôs a poção mágica, em troca do coração do príncipe.

A vontade de se curar, foi maior do que a razão e fez o com que o príncipe aceitasse a proposta da bruxa, mesmo sabendo que não poderia cumprir com a sua palavra, pois já estava comprometido com a princesa do reino vizinho.

O medo de perder o filho, também fez com que o Rei e a Rainha consentissem com um possível casamento entre o príncipe e a bruxa.

E assim, sem pensar nos riscos que corria em não honrar com a sua palavra.  O príncipe tomou a poção mágica, ficando curado e ao mesmo tempo preso a promessa de casamento com a bruxa.

Promessa essa, da qual o príncipe rapidamente se arrependeu, pois uma vez curado, o príncipe só pensava em voltar para os braços da sua amada princesa.

A bruxa então foi desprezada pelo príncipe, que julgou ser mais sensato, honrar a sua palavra com a princesa.

  O casamento real foi marcado em segredo, para que a bruxa não estragasse a festa. Porém, a fofoca chegou aos ouvidos da bruxa, provocando a sua ira. A bruxa se vingou do casal apaixonado, amaldiçoando todo o reino com um terrível castigo:

- A partir de hoje, todos os dias deste reino serão nublados. Nunca mais verão o Sol, que ficará eternamente escondido pelas nuvens! – Esbravejou a Bruxa.

Desde o dia do casamento real, o reino nunca mais viu o Sol brilhar. Todos os dias se tornaram frios e nublados.

A bruxa foi embora, levando a alegria dos dias ensolarados.  

Muitos anos se passaram, até que pelo reino, passou uma cigana, que assim como a bruxa também fez um dia, pousou uma noite em uma das pequenas aldeias do reino, para descansar da sua longa viagem pelo mundo.

A cigana sentiu que naquele reino, faltava alegria aos habitantes. Intrigada com apatia do lugar, decidiu ficar para descobrir o motivo e ajudar.

Com o passar dos dias, a cigana observou que o tempo não melhorava. Era sempre nublado e frio.  O Sol nunca dava as caras.

- O tempo aqui nunca melhora? – Perguntou a cigana para um morador do reino.

- Não! – Respondeu o morador. – O tempo aqui, assim como humor das pessoas, nunca melhora. Se não te agrada pode ir embora.

Mas nem o mau humor dos habitantes e nem o mau tempo do reino, abateram o ânimo da cigana que queria muito ajudar, mudando a história daquele lugar.

Logo a cigana ficou sabendo da maldição da bruxa, tratou de bolar um contrafeitiço para desfazer o malfeito.   

A cigana pensou em inventar   um instrumento musical, cujo som irresistível atrairia o Sol novamente. Foi assim que sobre um aro de madeira, a cigana esticou uma pele de cabra e ao redor do aro, colocou rodelas de metal e terminou enfeitando-o com vária fitas coloridas de cetim.

A cigana chamou o novo de instrumento de pandeiro e quando começou a tocá-lo, segurando-o no alto com uma mão e batendo com a outra. A alegria voltou a inundar os corações dos habitantes do reino, que encantados com o som do pandeiro começaram a danças em volta da cigana.

O Sol pediu licença ás nuvens para poder ver o pandeiro. Deslumbrando com a música e com a dança que viu, não quis mais voltar para detrás das nuvens, ficando para prestigiar a festa do reino.    

E foi assim, que depois de muitos anos de tempo fechado, o reino viu o Sol brilhar novamente, em um dia ensolarado de festa que durou até a noite chegar.

E todos os dias, os habitantes do reino tocam o pandeiro para o chama o Sol, deixando-o descansar de vez em quando, para chuva molhar os campos e encher os rios.  

 

Marina Tanzi

 


terça-feira, 11 de maio de 2021

O TAMBOR E OS HOMENS

 

Ouça a lenda no podcast:O Tambor e os Homens

Na última lenda, nós descobrimos que o tambor foi parar na Terra, como um presente da Lua para os macacos. Hoje, vamos conhecer como tambor foi parar nas mãos dos homens.

Pois bem! Eis que depois de receber o tambor da Lua, durante o resgate do nosso amigo macaquinho, os macacos aprenderam a tocar o tambor e desde então, virou tradição, receber com uma batucada os visitantes do santuário.

E como o santuário era muito visitado, quase todo dia, era dia de festa. não demorou para que o som do batuque dos macacos chama-se atenção dos vizinhos.

O som do tambor invadia a floresta, vibrava nas árvores e ecoava nas cavernas, convocando toda a bichada para a festa.  

A aldeia dos homens ficava muito distante, mas o som do tambor viajava com o vento até os ouvidos dos aldeões.

Foi assim que o menino Kito, um jovenzinho muito espero, partiu da aldeia dos homens com a missão de encontrar e de trazer a fonte do som, que de tão forte, vibrava a água dos lagos e tirava o sono dos homens.

Kito viajou seguindo o som do tambor pela floresta, foram dias de viagem sem destino certo. Até que a sua presença despertou a curiosidade dos animais, que começaram a desconfiar das suas intenções. Tanto que levou as abelhas a tramarem um plano para sabotar a missão do pobre garoto.

- O que esse menino faz sozinho na floresta? – Perguntou uma abelha.

- Ele deve estar procurando o som que vem do santuário dos macacos. – Respondeu o zangão.

- Não podemos deixar que ele chegue no santuário, os homens são gananciosos, com certeza tramam tirar o tambor dos macacos. – Disse a abelha Rainha. – Vamos esperar ele dormir e então tampar os seus ouvidos com cera para que ele não possa seguir o som do tambor.

As abelhas seguiram a ordem da sua rainha, esperaram até a noite cair e quando Kito adormeceu, tamparam os seus ouvidos com cera para que ele não ouvisse mais o tambor dos macacos.

Quando o dia amanheceu, Kito despertou e enquanto se preparava para retomar a sua jornada, percebeu um silêncio profundo. Ele não ouvia mais o cantar os pássaros, o barulho das águas e nem o som do vento agitando as folhas das árvores.

Kito coçou os seus ouvidos e percebeu que eles estavam tampados com cera, mas a cera era tão dura, que Kito não conseguia retirá-la por mais que cutucasse. O pobre garoto ficou tão triste ao perceber que não completaria a sua missão, pois sem ouvir, não poderia mais seguir o som. Naquele momento, não lhe restava outra opção, senão tomar o caminho de volta para casa.

Apoiado em uma árvore para chorar, Kito sentiu uma vibração muito forte em seu corpo.  Ele percebeu que aquela vibração vinha do som forte que chegava até a aldeia dos homens. Seu coração se encheu de alegria ao perceber que mesmo sem ouvir, poderia seguir o som pela vibração nos troncos das árvores. E quanto mais forte a vibração ficava, mais próximo da origem do som, Kito estava.

Foi assim que Kito completou a sua jornada, chagando ao santuário dos macacos e descobrindo que, a vibração e o som misterioso vinham de um tambor.

Os macacos ficaram surpresos com a chegada do visitante, pois foram avisados pelos animais que as abelhas haviam tampado os ouvidos do menino com cera.

Kito contou aos macacos sobre a sua missão, encontrar e trazer a fonte do som que chegava até a sua aldeia e sobre como conseguiu encontrar o santuário mesmo com os ouvidos tampados com cera.

Os macacos não só pediram as abelhas que retirassem a cera dos ouvidos do menino, como festejaram a sua chegada com uma grande batucada.

E foi assim, que o tambor foi parar nas mãos dos homens. Um presente da Lua para os macacos e dos macacos para os homens.

 



 Marina Tanzi

 

 

 

A LENDA DO TAMBOR

 


Ouça a lenda no podcast: A Lenda do Tambor

Era uma vez, um macaquinho que sonhava tocar a Lua.

Para realizar o seu sonho, o macaquinho subiu na maior árvore da floresta, depois escalou a montanha mais alta, pegou carona nas costas de uma águia, pediu ajuda até para as girafas, mas todas essas tentativas foram em vão. O pobre macaquinho nem perto da Lua chegou.

Muito chateado, o macaquinho já pensava em desistir do sonho de tocar a Lua, retornou triste para casa com o fracasso da sua jornada.

Não tinha mais de onde tirar ideia para tocar a Lua, ele precisava de ajuda.

Por sorte, o seu bando era muito unido e ao verem o macaquinho naquela tristeza, trataram logo de bolar um plano.

Todos os macacos se reuniram á noite e rapidamente foram subindo uns nos ombros dos outros, formando uma escada de macacos em direção á Lua.

Quando o último macaco estava já bem próximo da Lua, o nosso macaquinho sonhador, escalou pelos ombros dos seus colegas, até que finamente, conseguiu tocar a Lua.

Foi quando neste instante, um vento muito forte balançou a escada de macacos e levou todos para o chão, mas o nosso amigo macaquinho, ficou pendurado na Lua, vendo seus amigos caírem na imensidão.

Por sorte, todos chegaram bem, precavidos como eram, cobriram o chão com plumas, evitando a tragédia.

Triste mesmo, foi deixar o macaquinho pendurado na Lua.

- E agora? – Todos se perguntavam, - Como trazer o macaquinho de volta?

Novamente, macaquinho precisava de ajuda. A Lua, boa como é, teve pena e bolou um plano para mandá-lo de volta à Terra.

- Macaquinho! – Disse a Lua. – Não fique triste, vou mandá-lo de volta para a Terra. Vou descer você sentado em cima de um tambor, no qual amarrarei uma corda. Quando chegar na Terra, toque o tambor e eu saberei a hora certa para cortar a corda.

Obedecendo o combinado, o macaquinho desceu sentado no tambor, quando chegou na Terra, tocou o tambor e a Lua cortou a corda.

Todos os macacos ficaram felizes com o retorno do macaquinho e em comemoração, festejaram ao som do tambor, que ficou para os macacos como um presente da Lua.

Mas se o tambor foi um presente da Lua para os macacos. Como ele foi parar nas mãos dos homens?

Essa é uma outra história!

 Marina Tanzi

sexta-feira, 23 de abril de 2021

A LENDA DO CHOCALHO


 Ouça a lenda no podcast: A Lenda do Chocalho

 Era uma vez, uma cobra cascavel que morava no meio da floresta. Diferente das demais serpentes, a Dona Cascavel, como gostava de ser chamada, era conhecida pelo seu chocalho que ficava na ponta da sua cauda. 

Quando a Dona Cascavel estava brava, ela balançava a sua cauda, agitando o chocalho que alertava a bicharada: 

- Eita! Hoje a Dona Cascavel está irritada. – Disse o macaco. – Cuidado pessoal, pois com o mau humor da Dona Cascavel ninguém pode. 

- E por que será que Dona Cascavel está de mau humor? – Perguntou a Coruja. 

Acontece que a Dona Cascavel gosta de tirar uma soneca no meio da tarde, para a noite estar descansada e caçar comida. Eis que naquele dia, enquanto ela dormia debaixo de um tronco velho no meio da mata, o seu cochilo foi interrompido por dois índios que se sentaram em cima do tronco para conversar. 

Contrariada, a Dona Cascavel preparou o bote para afugentar os dois índios que atrapalharam o seu descanso, mas o assunto da conversa deles era tão interessante que fez a Dona Cascavel desarmar o bote para escutar a fofoca.

 - Peri, o filho do cacique, está apaixonado pela Rani, a filha do pajé. – Disse um dos índios. – Mas mesmo sabendo que os dois estão apaixonados um pelo outro, o pajé só aceita o casamento se Peri provar a sua coragem oferecendo um chocalho de cascavel como presente para Rani. 

Esta fofoca deixou a Dona Cascavel pasma com a possibilidade do seu chocalho virar um presente de casamento. E para piorar a sua situação, a Dona Cascavel era a única cascavel presente naquela região, já que o seu mau humor afugentou os seus parentes para bem longe dali. 

- Estou encrencada! – Respondeu a Dona Cascavel para a Coruja. – O filho do cacique quer presentear a filha do pajé com um chocalho de cascavel e acontece que a única cascavel morando nessa mata sou eu. 

- Lamentável Dona Cascavel, lamentável! – Desabafou a coruja. – As suas únicas opções são fugir ou se esconder. O filho do cacique é um dos melhores guerreiros da tribo. A senhora está mesmo bem encrencada. 

- Me ajudem! – pediu a Dona Cascavel – Não quero fugir desta mata, preciso da ajuda de vocês para me esconder do filho do cacique. 

A coruja e o macaco, concordaram em ajudar a Dona Cascavel a se esconder. A convidaram para morar no alto da árvore, junto com eles, pois seria um local pouco provável para o filho do cacique a procurar. Porém, acostumada a viver rastejando pelo chão, a Dona Cascavel não se deu bem com a nova casa. 

- Já que a Dona Cascavel não consegue morar conosco no alto da árvore, o jeito É montar um esquema de vigilância. Vou combinar com os demais macacos e avisamos você, quando o filho do cacique aparecer na mata, para te caçar. – disse o macaco para a Dona Cascavel. 

Satisfeita com A vigilância dos macacos, a Dona Cascavel ficou mais calma com a situação, porém não demorou muito para que Peri, o filho do cacique, começasse a procurá-la pela mata. 

Avisada pelos gritos dos macacos, a Dona Cascavel vinha conseguindo se esquivar do filho cacique, mas essa caçada já estava a deixando cansada. A Dona Cascavel não via hora de o jovem índio desistir do seu chocalho e procurar outra maneira de provar a sua coragem ao futuro sogro. 

Mas não tinha jeito, o jovem índio parecia incansável e a sua caçada se intensificava cada vez mais, ao ponto de a Dona Cascavel desistir de se esconder e resolver enfrentá-lo de uma vez. 

E foi assim, que ao meio-dia nas margens do rio, ocorreu o esperado encontro da Dona Cascavel com o filho do cacique: 

- Até que enfim te encontrei! – gritou Peri para a Dona Cascavel – a última cascavel que ainda mora nesta mata. Só preciso do seu chocalho e te deixarei em paz. 

Quando Peri se preparava para apanhar a Dona Cascavel, ela revidou com um bote, conseguindo escapar do jovem. 

- Não vou te dar o meu chocalho. – Retrucou a Dona Cascavel para Peri – levei tanto tempo para formar este belo chocalho com as minhas trocas de pele, não vou perdê-lo por causa do seu casamento, arrume outro presente que prove a sua coragem. Meu chocalho não é troféu. 

- Não preciso provar a minha coragem. – disse Peri. – Eu já provei a minha bravura com as inúmeras vitórias que conquistei para a tribo, só preciso mesmo, é encontrar um presente que impressione o pajé e acontece que ele gosta muito do som do seu chocalho. 

- Mas e a conversa que eu ouvi de dois índios da sua tribo? – perguntou a Dona Cascavel. – eu descansava debaixo de um tronco velho, quando fui acordada pela conversa de dois índios, sobre o filho do cacique ter que provar a sua coragem, presenteando a filha do pajé com um chocalho de cascavel. Como você explica isso? 

- Não tem nada a ver, isso é fofoca. Eu sou o filho do cacique, conhecido como o melhor guerreiro da minha tribo, não devo prova de coragem a ninguém. Você que caiu em uma fofoca. – explicou Peri para a Dona Cascavel. 

- Desculpe, não foi a minha intenção duvidar da sua coragem. – disse a Dona Cascavel. – só quero encontrar uma solução que salve o meu chocalho. Quem sabe eu possa te ajudar, a encontrar um presente para o pajé, se ele gosta tanto do som do meu chocalho, podemos conseguir fazer um para ele, que produza um som parecido com o meu. 

E foi assim, que com ajuda do seu amigo macaco e da coruja, que a Dona Cascavel conseguiu confeccionar um chocalho, feito com coco e sementes e ainda teve a participação das araras que ajudaram a enfeitá-lo doando algumas penas. 

O filho do cacique, levou o chocalho confeccionado pela Dona Cascavel como presente ao pajé, que amou a novidade e passou a usá-lo nas suas pajelanças. E é claro, também foi usado para animar a festa de casamento de Peri e Rani. 

E a Dona Cascavel pode finalmente descansar no meio da tarde, sem medo de perder o seu chocalho e sem se preocupar com fofocas. 

 


Marina Tanzi